A
festa terminou quase de manhã e Ana foi para casa absorta em seus pensamentos,
tentando digerir tudo o que acontecera aquela noite. No dia seguinte Zac
apareceu na casa dela à tarde com a desculpa de acompanhá-la para o treino na
escola.
-
Você não falou com eles? – o garoto perguntou.
-
Ainda não.
-
É tão difícil assim?
-
Claro que é Zac! Eu nunca namorei ninguém, e você é meu melhor amigo, meus pais
acham que tenho você como irmão. – Ana mostrou a obviedade da questão.
-
Me deixa falar com eles. - ele falou em tom de súplica.
-
De jeito nenhum, até parece que não conhece minha mãe? Ela odeia quando peço a
alguém pra falar por mim. Nunca dá certo.
-
Deu certo nas férias.
-
Mas eu não fazia idéia de que você iria falar com eles.
-
Está bem Ana. Eu espero. – Zac se deu por vencido.
Ana
Clara e Pedro treinaram cerca de seis horas e Zac ficou no ginásio o tempo
todo, até cochilou deitado na arquibancada.
-
O que deu no seu amigo? Ele ficou a tarde toda aqui. – Pedro perguntou a Ana.
-
Acho que ele não tinha nada mais interessante para fazer. – Ana respondeu
timidamente.
-
Você está estranha hoje. Deve ser efeito de ontem. - comentou Pedro.
-
Deve ser, aliás, obrigada por ter ido. Foi o máximo o que fizeram.
-
É para isso que servem os amigos. Agora vai acordar o Sr. USA que ele está
começando a roncar. – ele brincou.
Ana
e Zac saíram do colégio por volta das sete da noite e seguiram para a quadra em
que Ana morava. Ao passarem por baixo de um prédio, ele sugeriu que se
sentassem lá por um tempo e assim fizeram.
-
Você acha que vão achar ruim quando contar a eles? – Zac perguntou ao
abraçá-la.
-
Acho que não, mas vão ficar surpresos.
-
Você é linda sabia? – ele disse ao beijar o pescoço de Ana, que arrepiou no
primeiro toque dos lábios dele em sua pele. – Adoro o seu cheiro.
Ana
não sabia o que dizer, ela estava amando ser acariciada daquela forma, mas não
sabia como agir. Zac a virou de frente para ele e acariciou os ombros dela com
o dedo, em seguida a beijou apaixonadamente e Ana sentiu seu corpo enfraquecer.
Parou de beijá-lo no mesmo instante.
-
Me desculpe Zac. Acho melhor a gente voltar, já está ficando tarde. – Ana se
levantou do chão em um pulo.
-
Eu fiz algo de errado Ana, o que foi? – ele perguntou confuso.
-
Não, é que foi demais para mim. Não estou acostumada, é só isso. – Ana queria
sumir de tão envergonhada que ficou.
Ana
tinha certeza de que estava apaixonada por Zac, mas não queria colocar o carro
na frente dos bois. Não se sentia preparada para um namoro físico muito íntimo.
Eles
chegaram ao apartamento de Ana e ficaram conversando na sala até às dez horas,
como sempre faziam.
-
Aninha, eu sei o que pensa sobre sexo. Casar virgem e todo esse lance. Não vou
forçar nada e espero que confie em mim, ok? Você sabe que também não tenho experiência
alguma nesse sentido.
-
Eu sei, só não quero acabar com esse clima de amizade que temos. Tenho medo de
que se nos tornarmos mais íntimos fisicamente, a gente acabe se distanciando,
sei lá. – Ana pegou a mão de Zac e começou a arranhar a unha dele como de
costume.
-
Eu prometo que isso não vai acontecer. – Zac chegou bem pertinho dela e deu um
selinho em seus lábios. – Acho melhor eu ir embora.
Antes
de sair para escola na manhã seguinte, Ana escreveu um bilhete para seus pais
contando que estava namorando o Zac, mas não teve coragem de entregar a eles.
Os três desceram juntos até o estacionamento e Ana amassou o bilhete, jogou
para dentro do carro dos pais quando estavam dando ré no carro e saiu correndo.
Ela
só parou de correr quando chegou ao portão da escola. Fernanda estava esperando
por ela e começou a rir ao ver a amiga toda descabelada e ofegante.
-
O que aconteceu com você, parece até que viu um fantasma? – Fernanda debochou.
-
Nada não, é que resolvi fazer uma corridinha.
-
Sei. Você pode me dizer onde estava ontem à noite? Eu liguei na sua casa e seu
pai disse que estava na escola, mas encontrei o Pedro na lanchonete e ele me
disse que você e o Zac tinham ido embora bem antes que ele. – Fernanda estava
com aquele olhar inquisidor que só ela tinha.
-
Tenho uma novidade. – Ana fez uma pausa, esperando uma reação da amiga que só
arregalou o olho. – o Zac e eu estamos namorando.
Aquela
foi a primeira vez que Ana disse em voz alta e seu coração acelerou com a
confirmação de que era realmente verdade e não uma imaginação. Ela estava
namorando o Zac Hanson.
-
Aleluia! – gritou Fernanda.
-
Shiii. Tá doida! – Ana ralhou com a garota.
-
Que foi? É segredo?
-
Não, sei lá.
Elas
foram para a sala de aula e sentaram-se nas carteiras de sempre, na fileira do
meio da sala. Mateus já estava sentado, Fernanda deu um beijo nele e sentou ao
seu lado. Ana sentou na carteira de trás.
-
Já sabe da novidade? – Fernanda perguntou para Mateus.
-
Que novidade?
-
Ele não te contou? – ela pareceu surpresa.
Zac
entrou na sala acompanhado de mais alguns colegas, colocou a mochila na
carteira atrás de Mateus e beijou a boca de Ana. A sala se encheu de gritinhos
e burburinhos animados.
-
Bom dia! – Zac cumprimentou a turma em alto e bom som.
Todos
sorriram e Ana sentiu as bochechas esquentarem.
-
Até que enfim! –disse Mateus animado. – Não aguentava mais ouvir esse cara se
lamentando o tempo todo.
-
Cala a boca moleque! – Zac deu um tapa na cabeça do amigo.
Zac
colocou sua carteira junto com a carteira de Ana Clara. Eles sempre faziam isso
nas aulas do professor Júlio e da professora Luna, que não se importavam. No
intervalo foram para a quadra jogar vôlei. Ana levou uma bolada no queixo e Zac
correu até ela e deu um beijo no queixo e outro nos lábios da garota. Renata ficou
pasma quando viu a cena, pois não tinha visto o beijo da sala, e saiu correndo
para o banheiro aos prantos. Por mais que Ana não fosse com a cara de Renata,
ela ficou com dó da garota e teve vontade de ir atrás dela, mas antes que o
fizesse, Fernanda disse:
-
Eu não faria isso se fosse você, ela é capaz de te afogar na privada.
-
Ela não faria isso. – Ana falou rindo.
-
Mas também não te agradeceria por ir atrás dela.
Ana
concordou e deixou Renata para lá. Depois da aula, ela foi direto para casa e
levou um baita susto ao abrir aporta e ver os pais sentados no sofá.
-
Oi! Que bom, vieram almoçar comigo? – Ana falou tentando disfarçar que estava
nervosa.
O
pai de Ana Clara mostrou o papel amassado e falou:
-
Por que não contou pra gente?
Ana
queria desaparecer, ela estava com muita vergonha, principalmente de seu pai.
-
Eu escrevi, não foi?
-
Filha não precisa ter vergonha, nem medo. Você já é uma moça e confiamos em
você. – Luísa tentou tranquilizá-la.
-
Então porque vieram para casa agora? Poderíamos conversar à noite. – Ana falou
com uma nota de ressentimento na voz.
-
Porque esse é um grande acontecimento e queremos fazer parte desse momento
filha. – a mãe explicou.
-
Não estão chateados? – Ana perguntou surpresa.
-
Claro que não Ana. - O pai começou. – Desde quando vocês estão namorando?
-
Desde sábado, na festa.
-
Isso explica muita coisa. – disse o pai pensativo.
-
Não entendi pai?
-
É que o Zac estava diferente no sábado, ela não parava de perguntar se tínhamos
certeza de que você gostaria que ele fosse o seu par na festa. O que ele falou
no vídeo foi muito fofo e a forma como ele olhou para você quando estavam
dançando, com cara de apaixonado. – explicou a mãe.
-
Mãe? – Ana estava com o rosto totalmente vermelho.
-
Mas vocês já estavam ficando? – o pai perguntou sério.
-
Não pai! – Ana não estava gostando nada do rumo da conversa.
-
O que foi? – o pai perguntou a Luísa. – Não é assim que eles fazem hoje? Ficam
primeiro?
-
Eu e o Zac não ficamos pai. Ele me pediu em namoro no sábado e aceitei. – Ana
não estava gostando mesmo daquela conversa.
-
Vocês se beijaram? – ele perguntou cauteloso.
-
Elias! – exclamou Luísa furiosa.
-
Claro que nos beijamos e já que quer tanto saber, ele foi o primeiro garoto que
beijei. – Ana saiu correndo para seu quarto e se trancou lá.
Ela
sabia que o que dissera para o pai não era a verdade completa. De fato Zac fora
o primeiro garoto que ela beijou, mas isso foi aos doze anos e por pura
curiosidade, além de ter beijado o Pedro depois.
Luísa
bateu na porta do quarto e Ana abriu.
-
Não ligue para o seu pai querida, você sabe que para ele é mais difícil aceitar
que você cresceu.
-
Eu sei mãe.
-
Me conta como foi? – Luísa perguntou.
E
Ana Clara contou tudo para a mãe e ficou feliz por ter falado, sentiu-se
aliviada, como se ela e a mãe tivessem passado para outro estágio em seu
relacionamento de mãe e filha.
-
Diga para o Zac vir jantar conosco essa noite. – Luísa falou para Ana.
-
Pode deixar.
Ana
foi para a escola mais cedo naquela tarde para ver o namorado (*suspiro*) no
basquete. Fernanda também estava lá e as duas conversaram sobre os pais de Ana,
de como eles reagiram e do jantar mais tarde.
-
Fê, sei que já conversamos sobre a sua primeira vez, mas não entramos em
detalhes. Como você sabia que era o Mateus o cara certo? – Ana perguntou
timidamente.
-
Eu não sei Ana. Simplesmente aconteceu, eu gosto muito dele e me sinto super
atraída por ele. Por quê? Você está pensando em transar com o Zac?
-
Não, não é isso. Pelo contrário, eu gostaria de manter o nosso namoro só nos
beijos e abraços. Você sabe que quero que a primeira vez seja na minha noite de
núpcias, mas tenho medo, sabe? E se nenhum cara que vier a namorar quiser
esperar? – Ana estava muito preocupada com essa questão desde a noite anterior.
-
Ana, eu acho que o cara que amá-la de verdade vai saber respeitar a decisão que
tomar. – Fernanda abraçou a amiga.
Zac
voltou para buscar Ana no colégio depois do treino e foram de bicicleta para a
casa dela. Ele estava tão nervoso, que parecia até que nunca tinha visto Luísa
e Elias na vida. Eles jantaram e Ana foi até a cozinha pegar sorvete para a
sobremesa e a mãe foi com ela.
-
Mãe fala para o meu pai pegar leve, tá? O Zac está morrendo de vergonha. – Ana
falou.
-
Não se preocupe. Você sabe que seu pai gosta muito dele.
Elas
voltaram para a sala e serviram o sorvete. A mãe de Ana então falou:
-
Zac, o Elias e eu estamos muito felizes de saber que você e Ana estão
namorando.
-
Obrigado dona Luísa. Fico feliz que vocês aprovem e quero que saibam que eu
realmente gosto muito da Aninha e vou continuar respeitando as regras.
-
Por falar em regras, eu quero que vocês dois saibam que confiamos em vocês e
por isso acho que algumas regras podem ser mudadas. – começou Elias.
Ana
ficou surpresa ao ouvir o pai falar aquilo e ficou esperando pelo resto.
-
Ana, antes você tinha que estar em casa às dez. A partir de hoje, durante a
semana eu quero que esteja em casa às onze, e se o Zac estiver aqui, ele deve
ir embora nesse horário. E nos finais de semana, não vamos estipular um
horário, mas resolveremos no dia. – Elias olhou para a esposa e ela continuou.
-
E quanto a entrar no quarto, poderão ficar lá desde que a porta fique aberta e
estejamos em casa, tudo bem? – Luísa concluiu.
-
Tudo bem. – Zac falou.
-
Uau! – exclamou Ana. – O que aconteceu com vocês?
-
Por quê? – Elias se fez de desentendido.
-
Eu achei que vocês iriam colocar mais regras e não aliviá-las.
-
Como seu pai disse, confiamos em vocês. – Luísa encerrou o assunto e chamou o
marido para ajudá-la com a louça.
Ana
e Zac ficaram sentados e começaram a rir de toda aquela situação. Algum tempo
depois os pais de Ana passaram pelo corredor, deram boa noite e foram para o
quarto. Eram dez horas e eles ainda tinham uma hora para namorar e preferiram
ficar na sala mesmo. Ia demorar a se acostumarem com toda aquela “liberdade’’,
depois de anos de regras tão rígidas.
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Desculpem pela demora, como a Paulinha disse, estou na correria. E também sei que isso não é desculpa, mas não sei me dividir em cinco como você faz amiga! kkk Vou tentar postar com mais frequência.