terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Happy Valentine's!!!


"Two are better than one!"
Ecclesiastes 4:9

Dizem por aí que o dia de San Valentim começou por causa de uma proibição de casamento durante a guerra, pois achavam que os soldados solteiros eram mais focados e lutavam melhor. Mas o bispo Valentim, a favor do amor, descumpriu a ordem e celebrava os casamentos. Por isso foi preso e condenado à morte. Lá recebia muitas cartas de pessoas que acreditavam na causa pela qual ele estava morrendo: o amor. Na prisão se apaixonou por uma moça e lhe escrevia bilhetes de amor. Em sua última carta assinou “De seu Valentim” ou “Seu Namorado”.

E como está escrito em Eclesiastes é melhor serem dois do que um. Não importa se é um casal apaixonado, ou dois grandes amigos. É sempre bom ter com quem compartilhar todos os momentos da vida. Bom, e eu posso dizer que sou muito sortuda!!!

To all beloved friends, Happy Valentine's!!!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

And I Waited - Capítulo 4

Está tudo bem?

Março estava chegando ao fim e ia rolar festa no prédio do Zac no sábado. Pela manhã no treino, Ana criou coragem para convidar Pedro para a festa. Ele aceitou e Ana Clara explicou como chegar ao prédio do amigo.

- Até mais Ana Clara. – Pedro se despediu.

- Até.

Ana foi para casa super empolgada e a primeira coisa que fez ao chegar foi ligar para Fernanda. Contou a amiga que convidou Pedro, e Fernanda deu conselhos sobre o que vestir. A festinha estava programada para começar as oito, Ana começou a se arrumar às cinco.

Ela usava o cabelo comprido, quase sempre liso, mas naquele dia resolveu deixá-lo ondulado usando babyliss, ainda abaixo da cintura. Uma presilha prateada foi o único adereço no cabelo. Colocou um vestido lilás acima da altura do joelho, que tinha uma fitinha roxa amarrada em laço abaixo do busto. Calçou uma sandália anabela e passou lápis, rímel, blush e um gloss rosado. Não colocou os óculos.

Estava pronta ás sete e meia e seu pai a deixou no salão de festas no prédio em que Zac morava. Quase ninguém tinha chegado e Ana foi ajudar a mãe do amigo com umas taças cheias de balas e chocolates. Zac apareceu algum tempo depois e Ana correu para abraçá-lo.

- Uau! Você está uma gata Aninha. – elogiou Zac, realmente surpreso com a beleza da amiga.

- Você também está um gato. – Ana falou e entregou um saquinho para o garoto.

Ele abriu o saquinho com uma correntinha de prata que tinha uma chapinha em que estava escrito Forever.

- Caramba Ana! Eu não sei nem o que dizer.

- Ainda bem, não costuma dizer muita coisa que o valha. – Ana brincou.

- Muito espirituosa. Mas nem é meu aniversário?

- Não, não é, mas me lembrei que foi nessa época que nos conhecemos, então... – Ana falou sem jeito.

- Obrigada por me aturar e acho que vai ser pra sempre, né? – Zac abraçou a amiga mais uma vez.

Fernanda e Priscila chegaram logo depois e Mateus em seguida. Aos poucos o salão foi enchendo e Ana já estava ansiosa, achando que Pedro não iria. Quase nove da noite, o rapaz chegou e foi direto falar com o anfitrião. Zac ficou surpreso, mas disfarçou o desapontamento de vê-lo em sua festa. Ao ver Ana, Pedro foi falar com ela.

- Você está linda! – Pedro beijou a bochecha dela depois de elogiá-la.

- Obrigada!

Os dois ficaram conversando por um tempo até que Fernanda veio chamá-los para dançar. Ana estava se sentido uma pateta, não sabia o que fazer. Todos os seus amigos estavam na pista de dança e só ela e Pedro estavam sentados.

- Vamos dançar? Não sou tão ruim sem os patins. – Pedro ofereceu a mão para ela.

- Essa eu quero ver. – Ana entregou sua mão para ele e foram para a pista de dança.

Dançaram por uns dez minutos músicas bem agitadas e Ana teve a prova de que Pedro era um bom dançarino sem os patins também. Ela estava se divertindo muito, era a primeira vez que estava interagindo com Pedro sem reservas. A música ficou lenta e Pedro se aproximou dela, pôs uma mão em sua cintura e com a outra acariciou o rosto de Ana. Ela sentiu um calor tomar conta de suas bochechas, sentia o corpo tremer por dentro. Pedro Henrique chegou bem perto de Ana e falou em seu ouvido num sussurro:

- Posso te beijar?

Ana ficou na ponta dos pés e disse no ouvido dele:

- Pode.

Pedro segurou Ana mais perto do corpo dele, passou as costas da mão no rosto dela e a beijou. Ana sentia o coração dele batendo forte contra o seu. Ela nunca havia sentido nada igual em sua vida. Mas assim que a música parou, Ana abriu os olhos percebeu que vários garotos os observavam e a vontade dela foi de sair correndo. Pedro a conduziu para o lado de fora do salão de festas.

- Você está bem Ana? – perguntou o garoto preocupado.

- Estou. Preciso ir ao banheiro. Já volto. – e saiu de cabeça baixa até a porta do banheiro.

Ela deu de cara com Zac que estava com o rosto sério. Ana tentou passar por ele sem olhá-lo nos olhos, porém o garoto segurou o pulso dela.

- Me solta Zac! – esbravejou Ana tentando soltar o braço da mão dele.

- Ana, eu, você, tá tudo bem? – ele não conseguiu disfarçar a voz embargada.

- Claro que estou bem, só preciso ir ao banheiro.

- Tem certeza. Eu vi aquele idiota te beijar.

- E por que isso não me faria bem? – Ana perguntou soltando o braço da mão de Zac.

- Não sei, você parece não ter gostado muito.

- O fato de só ter beijado você em toda a minha vida, não me deixa criar expectativas muito altas com outros garotos, portanto eu estou ótima. – Ana correu para o banheiro e ficou trancada lá por um longo tempo.

Zac sentiu uma vontade imensa de colocar a porta do banheiro abaixo, entretanto não o fez. Pedro apareceu em seguida e Ana saiu do banheiro.

- Ana eu tenho que ir, tenho o aniversário de um primo meu agora. – explicou Pedro.

- Sem problemas, meu pai daqui a pouco vem me buscar também.

- Eu fiz algo de errado Ana?

- Não Pedro, você foi ótimo. É que eu agi sem pensar e não vejo como poderíamos nos relacionar assim. Eu não quero perder o foco da competição, entende? – Ana tentou ser mais sincera possível.

- Eu não concordo, mas entendo. A gente se vê na segunda. – Pedro a beijou na bochecha e foi embora.

Assim que Fernanda viu a amiga sozinha correu para falar com ela.

- Que beijo foi aquele garota? – Fernanda perguntou toda empolgada.

- Não me pergunte. – disse Ana com um sorriso no rosto.

- Todo mundo viu Ana, pareceu beijo de cinema.

Ana suspirou fundo e disse:

- Esse foi o problema. Foi perfeito e todo mundo viu.

- E daí que todo mundo viu? – indagou Fernanda.

- Não vai acontecer de novo e as pessoas vão ficar comentando e vai ser um saco. – Ana falou irritadiça.

- Vem vamos dançar.

- O meu pai já deve estar lá fora, só me deixou ficar até ás dez e meia.  Tchau Fê!

- Tchau amiga!

Ana não quis se despedir de Zac e falou apenas com a mãe dele. Ela demorou muito para dormir naquela noite, ficou pensado o quanto amou o beijo de Pedro e ao mesmo tempo como foi uma tolice tê-lo beijado.

No domingo Ana não saiu de casa e não falou com nenhum de seus amigos, pois sabia que o assunto seria a festa da noite anterior e ela não estava disposta a conversar sobre o que aconteceu. No dia seguinte teve vontade de fingir que não estava se sentindo bem, mas se lembrou que ia ter prova de matemática e não podia se dar ao luxo de perdê-la.

Na escola Ana evitou Zac o máximo que pôde. Sentou-se na primeira carteira em frente à mesa do professor. Passou o intervalo no banheiro e só voltou para a sala depois que a professora Luna passou por ela e a seguiu até a sala. Mal falou com Fernanda. Quando o sinal da última aula tocou, Ana deu tchau para Fernanda saiu em disparada para o banheiro. Achou que assim daria tempo para todos irem embora. Quase meia hora depois ela resolveu que era hora de ir para casa. Saiu do banheiro e ficou aliviada de não ter mais ninguém nos corredores.

Foi a pé para casa como em todos os dias, já que agora morava a dez minutos da escola. Chegou à portaria e estava satisfeita de não ter encontrado ninguém pelo caminho (tendo por ninguém, Zac e Pedro Henrique). Abriu a porta do apartamento e lá estava Zachary, sentado no sofá com um copo de água na mão.

- O que tá fazendo aqui? – ela perguntou surpreendida.

- Vim saber por que me evitou a manhã inteira. – Zac abriu um largo sorriso ao perguntar.

- Eu não te evitei, nem te vi hoje.

- Que coisa estranha, não acha? De repente eu fiquei invisível para você. – ele falou com uma nota de ironia em sua voz.

- Zac não sei o que quer que eu diga. – Ana se jogou no sofá ao lado dele.

- Pedir desculpas funciona na maioria das vezes.

- Desculpa pelo quê exatamente? – Ana se fez de desentendida.

- Se não sabe por que tem que me pedir desculpas, me diga por que fugiu de mim hoje? – ele a desafiou.

Ana se levantou do sofá e foi para o quarto, o lugar proibido para Zac e qualquer outro garoto. Ela precisava de tempo para pensar o que responder. Não queria magoar mais ainda o amigo. Entretanto antes que ela fechasse a porta, o garoto entrou no quarto.

- Você não pode entrar aqui!

- Se você não falar comigo direito Ana Clara, eu não entro nessa casa nunca mais. – ele a encarou sério.

- Me desculpe ok? Eu não devia ter dito aquilo. – Ana começou a chorar. – Eu fiquei com vergonha porque todos estavam me encarando. Eu não devia ter descontado em você.

Zac a abraçou e a beijou na testa.

- Ana, tudo bem, eu não sabia que você estava com vergonha, achei que não tinha gostado do beijo dele.

Ana olhou para ele e sorriu.

- Eu adorei o beijo dele. Mas não vai acontecer de novo. – ela sentou na cama e disse. – E você não beija mal. Eu gostei quando nos beijamos, mas isso já faz dois anos, né?

- Você também não foi tão mal assim. – ele sorriu.

- Foi legal ter tido o meu primeiro beijo com você Zac.

- O nosso primeiro beijo, você quer dizer.

- Mas você se tornou muito experiente depois daquele beijo. – Ana deu um soquinho no ombro dele.

- E você acabou de ficar com o cara mais desejado da escola. – o sorriso de Zac agora foi meio forçado.

- Pode ser, mas não vai acontecer de novo. Eu não posso namorar, lembra? Agora dá o fora do meu quarto antes que a Lica te veja aqui.

Ana ficou feliz por ter se entendido com Zac. Eles sempre se deram muito bem, mesmo depois da história do primeiro beijo. Ela realmente havia gostado de tê-lo beijado, mas foi totalmente diferente de beijar Pedro.


 Ao chegar ao ginásio, Pedro estava encostado na grade à espera dela. Ana Clara tentou ser o mais natural possível, estava disposta a fingir que nada havia acontecido, porém Pedro Henrique queria esclarecer a situação.

- Ana será que podemos conversar?

- Claro. – Ana respondeu e seguiu para a arquibancada.

- Eu gostei de ter ficado com você Ana, e pensei que você também tivesse gostado pela forma como correspondeu ao meu beijo. O que aconteceu depois? – Pedro se sentou ao lado dela.

- Eu gostei sim. Foi perfeito. O problema é que todos viram. – Ana abaixou os olhos, envergonhada.

- Me deixa ver se entendi. Você gostou do beijo, mas tem vergonha de mim? – Pedro perguntou chateado.

- Pedro eu não posso namorar. Esse é o problema. Meus pais não permitem e todo mundo naquela festa viu o que aconteceu. A mãe do Zac conhece a minha mãe. Se ela resolver falar eu tô ferrada. Ainda mais sendo você. – Ana sentiu-se infantil ao revelar a situação a Pedro.

- É só isso então?- ele parecia aliviado.

- Você acha pouco? Meus pais podem me proibir de patinar com você se souberem.

- A gente pode ficar escondido. Assim ninguém saberá. – propôs Pedro.

Ana Clara sentiu a raiva crescer em seu peito. Como ele ousava sugerir aquilo? Namorar escondido não estava nos planos dela, por mais que se sentisse atraída por ele. Ela já havia decidido, não tornaria a acontecer. Ana levantou-se e foi para o vestiário sem falar mais nada ao garoto, que ficou sentado sem entender porque ela saíra daquele jeito.

Durante o treino Ana não abriu a boca. Todas as vezes que Pedro tentava reiniciar o assunto Ana se afastava. Até que por fim ela disse num sussurro ao abraçá-lo em uma parte da coreografia:

- Desista! Eu não vou namorar escondido. Não sou assim Pedro.

O garoto pareceu ter entendido o recado, pois nas semanas seguintes não tocou mais no assunto. Os treinos estavam evoluindo a cada dia e os dois estavam muito confiantes. O campeonato brasiliense aconteceria em junho e sentiam-se preparados para enfrentá-lo.

Os meses de Abril e Maio passaram rápidos e as provas do segundo bimestre estavam chegando, assim como o campeonato brasiliense. Ana Clara estava uma pilha de nervos, o treinamento foi estendido para seis horas por dia, inclusive aos domingos. A garota estava se matando de estudar, não estava muito bem em matemática e nas outras matérias ia bem. Zac se ofereceu para ajudá-la com aquela matéria e em troca pediu ajuda em literatura que ele não estava nada bem. O tempo que Ana não estava no ginásio passava na biblioteca.

Em uma tarde Zac entrou na biblioteca todo empolgado, segurando uma espécie de cheque na mão. Ana não conseguia distinguir.

- Adivinha o que tenho aqui? – ele perguntou.

- Não faço idéia. – disse Ana sem dar muita atenção. Estava com uma pilha de livros e cadernos à sua volta.

- Meu pai mandou para as férias.

- Legal. Quanto é? – perguntou Ana sem muito interesse.

- Não é dinheiro. São passagens de avião. – ele estendeu a mão com o papel na frente de Ana.

- Vai visitá-lo nas férias? O sr. Walker ainda está em Miami? – ela nem olhou para as passagens ao perguntar.

- Ana, dá para olhar pra mim? – pediu o rapaz irritado.

Ana olhou para ele e disse:

- Estou te olhando, fala!

- Eu vou para a Disney e tenho direito a um acompanhante. – disse Zac radiante.

- Uau! O Mateus vai se amarrar. Já contou para ele? – Ana perguntou animada.

Zachary fechou a cara ao dizer:

- Eu ia convidá-la Ana.

- Puxa Zac! É muita consideração de sua parte. Seria o máximo ir com você, mas eu não posso interromper o treinamento. – Ana falou realmente pesarosa por não poder acompanhar o amigo.

- Eu não acredito que você está me dizendo que não quer ir para a Disney, e o campeonato não é agora em junho? – Zac nem tentou disfarçar sua chateação.

- Claro que eu gostaria de ir à Disney. Que garota em sã consciência não gostaria? – Ana fez uma pausa, para ela mesma absorver o que dizia. – Zac estou muito perto de alcançar um dos maiores sonhos da minha vida e não posso parar agora, entende? E depois do campeonato brasiliense, tem o nacional. Me desculpe.

- Tudo bem Ana. Vou convidar o Mateus.

Campeonato brasiliense de patinação

- A sexta dupla a se apresentar esta tarde no programa longo, representa o Colégio Santa Inês. Pedro Henrique Moraes e Ana Clara Castilho! – apresentou o narrador.

Ana e Pedro entraram na arena de mãos dadas acenando para o público. Deram uma volta ao redor da quadra e se posicionaram no centro. Fizeram uma ótima apresentação, apesar de que no último salto, que era para ser triplo, Ana não conseguiu completá-lo. Os juízes deram as notas algum tempo depois e os garotos conseguiram a classificação ficando em segundo lugar, porém tinham que aguardar a apresentação de mais duas duplas.

As duplas seguintes erraram pouco, mas não eram muito técnicas, arriscaram pouco e com isso Ana e Pedro se mantiveram na segunda colocação, conseguindo a classificação para o nacional. Eram a segunda dupla do ranking brasiliense. O campeonato nacional aconteceria em outubro e eles ainda tinham um longo caminho a percorrer até lá. A cerimônia de premiação aconteceu à noite, e saíram para comemorar em seguida.

Os pais de Pedro convidaram a treinadora Paula, Ana e seus pais para irem a uma pizzaria. Ana Clara não podia deixar seus amigos de fora e os convidou também. Foi uma noite super agradável e Ana sentia-se cada vez mais perto de realizar seu grande sonho de se tornar uma atleta de âmbito nacional e até quem sabe, mundial.

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Dúvida!!!!

Minhas meninas, estou em um dilema terrível... só tenho um capítulo de Mudança escrito, mas  a minha "querida amiga Paulinha" está me chantageando, dizendo que se eu não publicar o capítulo, mais uma outra fic que tenho bem adiantada( e que ela tem os manuscritos), ela mesma irá publicar.

Pensem comigo, acabei de começar esse lance de blog. Vocês não acham que é cedo para tantas histórias no ar? Me apoiem, por favor!!!

PS: Para que não sabe, a fic Mudança é a que comecei postando fragmentos da vida da personagem principal, antes de entrar na história. Só que me enrolei toda e achei melhor postar And I Waited no lugar dela... 


And I Waited - Capítulo 3

Galocha xadrez

Amanheceu chovendo e a última coisa que Ana queria era ter que levantar. Ás sete horas de uma manhã de sábado, lá estava Ana debaixo do chuveiro quente para se esquentar. Vestiu-se no banheiro, já que não estava em sua casa e também para curtir o vaporzinho quente antes de sair para o dia nublado e chuvoso. Entrou no quarto de Fernanda, pegou suas coisas em silêncio para não acordar a amiga e saiu do apartamento.

Estava feliz por não ter esquecido de trazer seu guarda-chuva que parecia uma bengala de tão grande e também por ter lembrado de colocar sua galocha xadrez preferida, na mochila. E assim Ana Clara seguiu até a padaria, vestindo leg e regata pretas, com um casaco de nylon e algodão e calçando sua galocha. Tomou café e foi para a escola.

Por causa do frio, a treinadora Paula sugeriu que eles começassem o aquecimento na academia que ficava na parte de trás do ginásio. Assim eles poderiam treinar também os movimentos que Pedro tem que erguer Ana no ar.

- Você acordou inspirada hoje? – perguntou Pedro com ironia, olhando para as botas de Ana.

- Tá com inveja da minha inspiração é? Sinto muito, mas elas não cabem no seu pé. – Ana sorriu para o garoto, que ficou feliz com o bom humor dela.

Os dois malharam por meia hora e começaram a treinar os levantamentos de Ana. Paula colocou vários colchonetes para protegê-los, já que os tombos eram inevitáveis. Ana não estava conseguindo manter o corpo ereto por mais de dois segundos, o que dificultava bastante para Pedro que acabava não conseguindo mantê-la erguida. Continuaram insistindo até que Ana Clara conseguiu ficar firme no alto. Por volta de dez e meia eles voltaram para o ginásio e calçaram os patins. Mas não fizeram os movimentos de levantamento de Ana. Ela não estava segura para fazê-los sobre os patins.

Na hora do almoço os pais de Ana chegaram para buscá-la e Zac estava com eles para surpresa de Ana.

- Adotaram um menor abandonado, foi? – zombou Ana.

- Rá! Muito engraçado. – debochou Zac.

- Zac nos ajudou com a mudança. – explicou Elias.

- Bom garoto. – Ana deu dois tapinhas nas costas do amigo.

Eles almoçaram em um restaurante e seguiram para o novo apartamento. Ana correu para seu quarto e ficou feliz de sua cama estar arrumada. Zac parou na porta do quarto, restrito pela barreira invisível. 

- Fui eu que montei. – falou todo orgulhoso.

- Então é melhor eu me levantar. – Ana deu um pulo da cama e parou na frente dele.

- Está engraçadinha hoje.

- Entra logo. – Ana pegou Zac pela mão e levou para sentar na cama dela.

- Tá maluca é? – ele se levantou e foi para a porta.

Ana foi até o corredor e chamou a mãe, que apareceu na porta ao lado do quarto de Ana.

- Mãe, foi o Zac que montou a minha cama?

- Foi sim filha e levou todas as suas coisas para o quarto. – explicou Luísa.

- Então ele pode entrar no meu quarto, certo?

A mãe ficou sem saber o que responder, e Jorge apareceu no corredor e disse:

- Hoje o Zac pode entrar no seu quarto.

O garoto ficou super envergonhado com aquela conversa. Até parece que ele iria agarrar Ana se eles ficassem sozinhos no quarto dela. E em todos os outros lugares? Pensou ele.

- Sabe, hoje de manhã eu fiquei me perguntando como foi que eu cheguei ao quarto da Fê. Eu não me lembro. – comentou Ana.

- Eu tentei te acordar, mas você estava dormindo igual a uma pedra. Aí eu te levei para a cama.

-Sério? E a minha mãe preocupada de você entrar no meu quarto. – Ana começou a rir.

- Eu estava pensando a mesma coisa. – ele riu também.


O fim de semana passou voando, com tanta coisa que Ana tinha que organizar em casa. Na terça-feira à tarde ela foi para o treino de handebol decidida que iria pedir para sair. Ela estava muito envolvida com a patinação e sabia que na época das provas não iria conseguir conciliar tudo. Ana sempre amou jogar handebol, era sem dúvida um de seus esportes preferidos, mas patinar era um objetivo de vida que ela traçou ainda muito pequena. E esse teria que ser mais um de muitos sacrifícios que viriam. O professor André não ficou nenhum um pouco satisfeito com a desistência de Ana. Mas ele entendeu que ela tinha outras prioridades. Quem ficou feliz com a notícia foi Renata que passou a ser a goleira titular.

Quase um mês depois de Ana ter saído do time de handebol, aconteceu o primeiro jogo do campeonato interescolar. Em um sábado à tarde a escola estava toda animada, pois iriam ser os anfitriões do jogo. Fernanda jogou e foi a artilheira do time e o Santa Inês ganhou de quinze a nove. Depois do jogo Ana foi com uns amigos comemorar em uma lanchonete perto da escola. Ao chegar à lanchonete Ana encontrou Pedro, e foi engraçado para ela vê-lo fora do ginásio, junto com um grupo do 1º ano. Eles praticamente só se falavam no ginásio e Ana quase não o via no intervalo.

Ana sentou em uma mesa com Fernanda, Priscila, Mateus e Zac. A garçonete perguntou o que eles iriam querer e cada um disse o que queria. Toda vez que Ana olhava para a mesa em que Pedro estava, ele também estava olhando para a mesa dela. Isso ficou rolando na meia hora seguinte, até que Pedro se levantou e foi em direção à mesa de Ana. Ela sentiu seu coração acelerar.

- Oi gente! – Pedro cumprimentou a todos, virou para Fernanda e disse. - Ótimo jogo.

- Obrigada. – Fernanda agradeceu.

- Ana o pessoal está armando de ir lá pra minha casa depois de sairmos daqui. Quer vir conosco? – perguntou Pedro.

- Não vai dar Pedro, mas obrigada. – Ana tentou falar da forma mais casual possível.

- Se mudar de idéia, todos estão convidados. – Pedro voltou para a mesa dos colegas.

- Ana, sua burra! Porque você disse não? – Fernanda perguntou indignada.

- Porque eu iria querer ir para casa do Pedro? Eu mal conheço os amigos dele.

- Mas nós também iríamos. – retrucou Fernanda.

- Não sei se minha mãe me deixaria ir. – Ana falou envergonhada.

- Acho que ela não vai deixar. –disse Zac enfatizando o não.

Eles acabaram não indo de fato e Ana nem se atreveu a pedir á mãe. Na semana seguinte o treino foi se intensificando, ela e Pedro estavam cada vez mais entrosados. Executavam os movimentos mais sincronizados e os levantamentos estavam melhorando, já sobre os patins.

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